Um dia após o primeiro turno das eleições 2018, o MDB do Rio Grande do Sul anunciou em coletiva de imprensa seu apoio formal ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no Estado. Presente no anúncio, o governador e candidato à reeleição, José Ivo Sartori (MDB), disse que irá “seguir as orientações do partido”. Já Eduardo Leite (PSDB), adversário de Sartori no segundo turno, afirmou no domingo “estar disposto a construir” com a candidatura de Bolsonaro. Nesta segunda-feira, 8, contudo, o tucano suavizou o aceno em entrevista a uma rádio.
Sartori afirmou que sua decisão e a do partido se dão porque “não cabe ausência de posição” no momento atual do País, mas não quis comentar pontos fortes da candidatura de Bolsonaro. “Acho que essa é uma decisão política e não se avalia, se respeita. A população que escolheu majoritariamente esse posicionamento. Não vou entrar nas referências de uma pessoa ou de outra”, disse o governador. No Rio Grande do Sul, Jair Bolsonaro teve 52,6% dos votos, bem à frente de Fernando Haddad (PT), com 22,8%.
“Nossa posição é por uma agenda brasileira. Eu posso dizer tranquilamente que vou seguir a orientação (do partido), com modéstia e serenidade. Talvez não afoito como muitos”, completou Sartori.
Um documento assinado pelo presidente estadual da sigla, deputado federal Alceu Moreira, firmou a posição do partido pelo candidato do PSL. Questionado se não seria incompatível com a história do MDB e de Ulysses Guimarães apoiar um candidato que já admitiu simpatia pelo regime militar, Moreira defendeu a decisão gaúcha. “Se ele (Ulysses Guimarães) estivesse vivo e tivesse que escolher entre votar num pau-mandado de um presidiário e no Bolsonaro, ele escolheria Bolsonaro. É melhor estar com a polícia do que com o bandido”, disse.
Membros do partido presentes na reunião aplaudiram a decisão do partido. “Se tivéssemos feito isso uma semana antes da eleição a gente teria feito 45 pontos no domingo”, disse um emedebista. Sartori teve 31,11% dos votos, enquanto o tucano conseguiu 35,9% da preferência.
Segundo Moreira, a questão não é ideológica mas “pragmática”. “Se o PT estivesse no governo federal, nunca negociaria a dívida do Estado. A alternativa é com Jair Bolsonaro. Até porque ele disse que vai cortar os próprios braços para poder fazer uma grande reforma no pacto federativo”, disse o presidente. O Rio Grande do Sul atravessa grave crise nas finanças e tem dívida na casa dos R$ 70 bilhões.
“As nossas divergências com o PT são infinitamente maiores do que as com o Bolsonaro”, afirmou o presidente sem dizer quais seriam essas diferenças. Moreira também disse que isso não representa apoio do MDB nacional ao presidenciável.
Eduardo Leite suaviza aceno a Bolsonaro
Em entrevista à Rádio Gaúcha, na manhã desta segunda-feira, o tucano Eduardo Leite reafirmou que não irá apoiar Haddad no segundo turno das eleições 2018. “O candidato à Presidência deles (PT) vai buscar conselhos com alguém que está preso”, disse. O tucano, porém, foi menos enfático que em seu discurso do domingo com relação ao apoio a Jair Bolsonaro.
“Tenho certeza que faz mais mal ao País uma eleição do Partido dos Trabalhadores. No entanto, estar num palanque com Jair Bolsonaro é difícil diante de algumas posições que ele adota”, afirmou Leite à rádio. “Vamos ter que discutir internamente no partido para ver a posição”, completou.
No domingo, em coletiva após a contabilização dos votos, Eduardo Leite afirmou que, “por exclusão ao caminho do PT”, estaria disposto a “construir com a candidatura de Jair Bolsonaro.”