País ganha código de ética do estudante de medicina

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Pela primeira vez, o País terá um Código de Ética do Estudante de Medicina. O Conselho Federal de Medicina (CFM) lançou esta semana a primeira edição do documento, que começou a ser elaborado há dois anos e aborda temas como organização de trotes, respeito ao sigilo médico e ao paciente, uso ético de cadáveres e combate ao assédio moral. A elaboração teve a participação de alunos e de profissionais da área.

A partir do próximo mês, as mais de 320 escolas de Medicina em atividade no País devem receber o manual. Também é possível acessar o texto no site do CFM.

“O documento existe em alguns países, como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá, e alguns conselhos de Medicina tinham, como São Paulo, Paraíba e Rondônia. Vimos essa lacuna e os próprios estudantes se colocaram à disposição para elaborar o código”, explica Leonardo Sérvio Luz, coordenador adjunto da Comissão Nacional de Elaboração do código e conselheiro do CFM. Ele afirma que o objetivo não é punir o aluno, mas oferecer informações aos profissionais em formação. “O código já conversa com o código de ética médica, traz conceitos de mídia social e preocupação com o sigilo.”

Entre os pontos abordados está a questão dos trotes violentos, alvo de comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa paulista em 2015. Na época, alunas de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e de outras faculdades relataram ter sido vítimas até de estupro em festas.

O código não determina o fim da recepção dos calouros, mas recomenda que seja realizado em “ambiente saudável e não violento”.

“A intenção é nortear as faculdades nas questões com o novo aluno. Estamos atentos às mudanças que o mundo tem vivido, às tecnologias e às relações entre médico e paciente”, diz Luz. O sigilo médico também é citado, assim como o respeito ao paciente, que deve ser tratado com empatia, e o cuidado durante o atendimento – e até com o uso de cadáveres.

Mudança

Aluno do 10.° período de Medicina da USP, Evair Canella, de 26 anos, diz que o documento é reivindicação antiga. “Isso ajuda na formação crítica e humana do estudante, que vai aprender sobre o respeito ao paciente e também ao cadáver, porque a peça anatômica foi pessoa e teve uma história.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.