Lideranças de comunidades quilombolas tradicionais que residem à margem da BA-160 entre Bom Jesus da Lapa e Malhada procuraram a redação do Site de Notícias para denunciar os atrasos, ou a não realização, da recuperação dessa rodovia estadual, no trecho lapense. Há poucos meses do início das chuvas o sentimento de medo é real, pois este pode ser mais um ano de isolamento, caso nada seja feito, nesta que é considerada uma das piores estradas do Brasil.
A recuperação da BA-160 entre as cidades de Bom Jesus da Lapa e Malhada é um sonho, ou mais que isso, uma necessidade de sobrevivência para moradores de comunidades quilombolas que moram à margem dessa via. Que depois de vários apelos e manifestações, junto ao governo do estado, passaram a ter a esperança que a BA-160 finalmente seria recuperada, pelo menos com cascalho.
Esta era a impressão dos moradores, depois de uma manifestação realizada na última visita do governador à cidade, quando Rui Costa anunciou investimentos de 600 mil reais para recuperação da estrada. Os valores que seriam liberado por meio do Consorcio Velho Chico ainda não aconteceram. De acordo com as representações, que preferem não se identificar, “até o memento não foi cumprido o que o governador afirmou, e mais uma vez, mesmo sendo só para cascalhar, a BA 160 é vista com descaso pelo estado baiano, que desconsidera a história do povo quilombola, e a necessidade de milhares de famílias, de mais de 19 comunidades, que precisam trafegar por essa estrada”.
“Olha, mesmo desacreditados, depois que ele prometeu aquela vez em Paratinga [durante visita do governador] que licitaria a nossa estrada, e não cumpriu, nós voltamos a acreditar que ele iria cascalhar essa estrada, porque era o mínimo. Imagina, uma BA que tem mais de 15 anos que não recebeu uma manutenção, feita com asfalto, voltar a ser de cascalho; por isso acreditamos. Agora, ficamos outra vez na promessa, esquecidos pelo governo”, disse um liderança.
O governo, de forma emergencial, autorizou a empresa Paviservice a fazer o patrolamento da BA 160, o que tem causado outra preocupação dos moradores da região, que além da poeira que tem causado, também, vai criar vários transtornos no período da chuva: “Isso vai ficar feio, já tava atolando carro aqui em alguns pontos, imagina você, essa estrada só na terra? Ano passado vários carros atolaram aqui, inclusive um ônibus quase virou cheio de gente. Então a gente fica muito triste com a situação, mesmo depois que a gente foi na cidade, fez uma manifestação, e achou que ia melhorar pra nós”, afirmou.
Entenda a situação:
No dia 9 de junho Rui Costa visitou a cidade de Bom Jesus da Lapa, e depois que manifestantes fizeram a cobrança na entrada do aeroporto, o governador anunciou que faria a recuperação da BA-160. Inicialmente seria feito um trabalho de forma emergencial com cascalhamento, através do Consorcio do Velho Chico, para melhorar a trafegabilidade, e posteriormente, até dezembro seria feito o processo licitatório para a recuperação asfáltica.
Durante o evento, na praça da cidade, o governador recebeu um documento da Comissão, representando a BA-160, solicitando um projeto definitivo dos 60 Km de asfalto, no trecho de Bom Jesus da Lapa e afirmou: “Eu já autorizei, que além desses R$ 650.000,00, eu já determinei ao Secretário Marcos que publique a licitação do projeto, para que até dezembro a gente tenha o projeto executivo, e possa em seguida licitar a estrada”, afirmou.
A BA-160 começa em Ibotirama e termina em Malhada, sendo a principal estrada que liga Bom Jesus da Lapa a dezenove comunidades, a maioria delas quilombola, onde está localizada uma das primeiras comunidades quilombolas reconhecidos no Brasil, Rio das Rãs.
As comunidades tradicionais e assentados dessa região sofrem há pelo menos 10 anos com a falta de trafegabilidade da principal via de acesso a 19 localidades, maioria delas Quilombolas.