O último momento de despedida da Irmã Regina da Diocese de Bom Jesus da Lapa foi com uma celebração de Ação de Graças celebrada pelo Bispo Diocesano, Dom João Cardoso, em um momento de muita emoção na manhã desta sexta-feira(06), na Gruta do Santuário do Bom Jesus da Lapa.
“Eu confesso que não me sinto confortável em celebrar uma missa de despedida, especialmente a sua. Então, acho melhor celebrarmos a gratidão a Deus que realiza maravilhas através dos seus filhos e filhas”, disse Dom João.
Ele afirmou que foi com muita tristeza que recebeu a confirmação que as Irmãs Franciscanas da Santíssima Trindade iriam encerrar suas atividades na Diocese. “A congregação diminuiu muito o número dos seus membros, ficou difícil manter a Fraternidade Santa Inês, da qual faz parte a irmã Regina em nossa Diocese. E também não tinha outra irmã que a congregação pudesse enviar, mesmo que a Irmã Regina fosse transferida para o Sul do Brasil para continuar os trabalhos aqui na nossa Diocese.
O Bispo agradeceu ao grande trabalho da Irmã Regina e das Irmãs Franciscanas na Diocese. “Apensar de lamentar a decisão, eu gostaria de professar a minha imensa gratidão a irmã Regina e a Congregação da Santíssima Trindade, pela presença missionaria na nossa igreja. Quando as irmãs chegaram aqui as condições de nossa igreja eram de grande carência; quantos não foram os sacrifícios, sequer as estradas que davam acesso as sedes municipais e essas comunidades eram de asfalto. A maioria delas de chão partido, faziam a distância ficar mais distante ainda, e o tempo da viagem muito longo de um lugar para o outro”, lembrou com gratidão.
As irmãs da Santíssima Trindade chegaram na Diocese de Bom Jesus da Lapa em 1987, e prestaram serviços nas pastorais de Correntina, na comunidade São Manoel, em Jaborandi, Sítio do Mato e Bom Jesus da Lapa. “Em muitas dessas comunidades a presença das irmãs foi o único sinal visível da presença institucional da igreja, e ao mesmo tempo um elo. Em algumas comunidades, além da inserção da ação evangelizadora no meio do povo de Deus, tiveram também que assumir a administração paroquial devido a falta de sacerdotes que havia na nossa Diocese naquele período”, destacou Dom João.
“Ainda hoje, nós temos poucos sacerdotes para a nossa evangelização, mais na década de 80 quase a metade das paróquias eram entregues aos cuidados pastorais das irmãs religiosas de vida consagrada. Graça a dedicação religiosa daquelas irmãs o povo daquelas comunidades não ficaram sem a devida assistência espiritual e pastoral. Também eu reconheço como frutuoso a metodologia do trabalho das irmãs, como a inserção no meio do povo. Não se sobrepondo ao protagonismo do laicato, com a coordenação diocesana de pastoral. A formação de lideranças leigas que tanto contribuiu para os fiéis leigos e leigas pudessem exercer a sua condição de sujeito numa igreja de saída, numa igreja missionária”, disse o Bispo, e reconheceu: “Sem a contribuição das irmãs a Diocese de Bom Jesus da Lapa não conseguiria dsr o justo atendimento pastoral as comunidades onde elas atuaram. Várias irmãs gastaram sua juventude e saúde aqui em entre nós”, frisou.
No final da celebração a paróquia de São Félix do Coribe fez uma homenagem para a Irmã Regina, simbolizando as ações da Pastoral da Criança na Diocese, onde ela esteve a frene durante 28 anos.
A despedida foi no seu aniversário, como presente, as lideranças da Diocese de Bom Jesus da Lapa a presentearam com várias rosas, simbolizando o trabalho que ela promoveu durante os 31 anos na região.
De acordo Silvani Cardoso, ex- coordenadora da Pastora da Criança de São Félix do Coribe, quando a Irmã Regina chegou na região em 1987, a desnutrição e a desidratação eram grandes desafios nas comunidades mais carentes da Diocese. “Com muito trabalho, dos leigos e leigas, chamados de Líderes da Pastoral da Criança a vida das famílias ganharam uma nova perspectiva. A Pastoral da Criança passou ao longo dos anos a ser uma referência de defesa da vida, conseguindo dar uma nova alternativa para as famílias que precisavam de cuidado e orientação, graças a Irmã Regina”, disse.
Ela falou ainda, que através do trabalho da Irmã Regina as lideranças nas Paróquias se engajaram na luta solidária e voluntária da Pastoral. “Foi possível criar alternativas nutritivas em momentos de dificuldades, onde os mais carentes não tinham de onde tirar o sustento. E com essas ações contribuíram para a mudança no panorama da saúde nas comunidades. A mudança também na forma da abordagem médica, focada na prevenção”, finalizou Silvani, triste pela saída da Irmã Regina da Diocese.
Reconhecendo o trabalho de Irmã Regina no município de Bom Jesus da Lapa, a câmara de vereadores aprovou uma Moção de Aplauso no ano passado pelos 30 anos de existência da Pastoral da Criança na Diocese.