“Parece que teve conivência”, diz Lula sobre fuga de presos em Mossoró

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Foto: Ricardo Stuckert / PR

Neste domingo (18), em coletiva de imprensa na Etiópia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que pode ter havido “conivência” de alguém dentro da penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, na fuga de dois presos ligados ao Comando Vermelho.

“Estamos à procura dos presos, esperamos encontrá-los e, obviamente, queremos saber como esses cidadãos cavaram um buraco e ninguém viu. Só faltava contratar uma escavadeira. Eu não quero acusar, mas teoricamente parece que teve a conivência com alguém do sistema lá dentro. Como eu não posso acusar ninguém, eu sou obrigado a acreditar que uma investigação que está sendo feita pela polícia local e pela Polícia Federal nos indique amanhã ou depois de amanhã o que aconteceu no presídio Mossoró”, afirmou o presidente.

Lula ainda falou em um possível “relaxamento” no episódio que ocorreu na última quarta-feira (14). “É a primeira vez que alguém foge de um presídio [de segurança máxima]. Isso significa que pode ter havido um relaxamento e nós precisamos saber de quem”, completou.

Esta é a primeira fuga registrada no sistema penitenciário federal desde a sua inauguração, em 2006. O sistema foi criado para isolar lideranças de facções criminosas e presos perigosos do país.

Os fugitivos são Rogério da Silva Mendonça, 36, o Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34 anos, o Deisinho. Eles são do Acre, onde, em julho do ano passado, participaram de uma rebelião que deixou cinco mortos, em suposta guerra entre facções criminosas. De acordo com o governo acreano, os detentos, que se declaram integrantes do Comando Vermelho, estavam entre os 14 presos transferidos para o sistema federal, em setembro passado, suspeitos de liderarem a matança.

Ainda durante a viagem oficial ao continente africano, Lula elogiou a atuação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. “A primeira pessoa que disse que estaria fazendo uma sindicância para apurar se houve participação de alguém que trabalhava no presídio foi o ministro Lewandowski”, destacou.

O ministro viajou neste domingo para Mossoró. Ricardo Lewandowski já determinou o afastamento imediato da atual direção do presídio e escalou um interventor. Outra medida tomada pelo ministério após a fuga foi a suspensão dos banhos de sol, visitas sociais e de advogados nos presídios federais de todo o país, entre os dias 15 e 16 de fevereiro; das atividades de assistência educacional, laboral e religiosa. Somente os atendimentos emergenciais de saúde seguem mantidos.

REFÉNS

Segundo investigadores que participam das buscas, os dois detentos fizeram uma família refém na noite desta sexta-feira (16), tendo levado dois celulares e carregadores.

Familiares relataram aos investigadores que ele fizeram muitas ligações por WhatsApp, algumas delas para a capital do Rio de Janeiro – identificadas devido ao DDD. O interlocutor tinha sotaque e teria dito que estava no Rio.

Na casa dos reféns, eles se alimentaram e fugiram novamente cerca de quatro horas depois com mantimentos. Não há relatos de violência.