Há um ano, na noite fatídica do dia 22 de janeiro de 2017 um grupo de aproximadamente 30 homens invadia a cidade de Bom Jesus da Lapa numa tentativa frustrada de assalto às agências bancárias da cidade. Durante a ocorrência, uma guarnição da 38ª Companhia Independente da Polícia Militar (Bom Jesus da Lapa), tentou impedir a ação, e depois de trocar tiros com os assaltantes, Everton e Gilberto foram levados como reféns, sendo em seguida, mortos de forma covarde pelos bandidos. Durante o confronto, o soldado José Cardoso Pereira foi baleado e socorrido. Esse fato deixou toda população da cidade em estado de medo e dor.
Ontem, segunda-feira (22), completou-se um ano deste trágico acontecimento, mas com objetivo de homenagear os soldados que com o comprometimento da própria vida, ergueram-se e continuam a sustentar as colunas da Corporação, o Comando da 38ª CIPM, através do Major Normanha, realizou uma solenidade de homenagem aos policiais militares mortos em serviço. O ato prestou uma reverência à memória dos dois soldados que acabaram tombando em serviço e “jamais serão esquecidos, permanecendo vivos na memória da nossa instituição”, disse.
O evento aconteceu no Teatro Municipal e contou com a presença de familiares dos soldados, Policiais Militares da Corporação da qual os dois faziam parte, e representações da sociedade de Bom Jesus da Lapa.
O soldado Cardoso, que foi ferido, mas recuperou-se clinicamente, relembrou o fato, emocionado, contou um pouco do que viveu, e disse que mesmo depois de um ano ele busca recomeçar a vida, se apegando a Deus, a família e os amigos. “Eu fui o último a ver os meus colegas, em que naquele momento balas passavam sobre as nossas cabeças, e eu, tinha dois amigos do meu lado, que foram fieis ali comigo. Até onde deu agente combateu”, contou.
Ele destacou que os dois podem ser chamados de heróis, que lutaram até o fim e ainda ajudaram a salvar a sua vida. “Eu estava no chão atingindo com dois tiros na minha perna esquerda e dois na minha perna direita, minha panturrilha foi varada de um lado a outro por um tiro de (fuzil) 762 , outro tiro pegou na minha cocha e saiu levando tecido, eu estava ali no chão caído e sangrando, e tivemos que entregar nossas armas. Quando os bandidos chegaram eu fui o primeiro a ser chutado ali no chão, e disse que se eu não levantasse iria morrer ali agora. Everton e Lemos me deram às mãos, ajudaram a levantar. Até hoje não entendo porque estou aqui”, falou emocionado.
Várias representações fizeram o uso da fala, e destacaram o sentimento de dor não só da família, mais também da população de Bom Jesus da Lapa que se comoveu e ainda hoje lembra com muita tristeza desse fato. Frisaram que dentro de uma farda existe um ser humano, que carrega vários sentimentos, que tem uma família que vê a hora que o soldado vai para o trabalho, no entanto não sabe se volta.
No final a família dos soldados Everton e Lemos receberam uma placa com a fotos dos dois PMs, considerados heróis em Bom Jesus da Lapa.