Reportagem do Correio24horas
O trabalhador rural Deleon Rodrigues, 38 anos, está com as costas e os punhos feridos, sentido dores ao respirar e com a região das costelas machucadas depois de ser abordado e preso por seguranças de uma fazenda no município de Cocos, no Oeste do estado. Ele contou que foi colocado dentro de um quarto escuro, agredido e que só conseguiu escapar porque arrombou a porta e pediu ajuda.
O caso aconteceu na quarta-feira (11). Deleon trabalha na fazenda há cerca de seis meses, na produção de tabaco, e estava voltando para casa, em Senhor do Bonfim, no Centro-Norte do estado, quando o coletivo foi parado pelos seguranças.
“Sempre que o ônibus está voltando com os trabalhadores ele para na guarita, que fica a uns 20 a 30 km da fazenda, para os seguranças fazerem uma revista. Entre as coisas que eu estava trazendo para casa tinha uma pinga de limão. Eu ainda estou tentando entender o que aconteceu, porque eles ficaram tão bravos e me prenderam”, disse Deleon.
Ele contou que foi obrigado a descer do ônibus, foi algemado e levado para um quarto nas proximidades da guarita. O veículo seguiu e Deleon ficou sozinho com os seguranças. “Era um quatro escuro, eu fiquei desesperado e tentei correr. Depois de um tempo consegui arrombar a porta e sair, foi quando encontrei um amigo do lado de fora que já estava procurando por mim”, disse.
O amigo também trabalha na fazenda e estava no segundo ônibus que levava os trabalhadores para casa. Ele gravou um vídeo que mostra Deleon algemado, com as costas machucadas e apenas de cueca. Outros trabalhadores aparecem nas imagens indignados com a situação.
Deleon contou que os seguranças retiraram as algemas depois que as testemunhas reclamarem da abordagem, mas que os punhos ainda estão machucados por conta do atrito das argolas com a pele. Ele foi aconselhado a dormir na fazenda, mas disse que queria votar para casa imediatamente.
“Eu não queria ficar lá, mas tive que dormir na guarita porque não tinha como voltar para casa no mesmo dia. Fiquei acordado até 3h, com medo. Vim embora no dia seguinte e hoje (sábado) cheguei em casa. As pessoas estão me perguntando o que aconteceu, e eu não sei dizer. Fiquei muito nervoso, só sei que nada justifica o que fizeram comigo”, afirmou.
Ele está com a região das costelas doloridas e sentindo dores ao respirar, além das costas e punhos machucados e marcas pelo corpo. O trabalhador está tomando comprimidos e afirmou que vai procurar a polícia para prestar queixa e fazer exame de corpo de delito. Um advogado vai assumir o caso e fazer a representação na segunda-feira (16).