Os pistoleiros contratados por latifundiários driblaram os policiais militares da Companhia Independente de Policiamento Especializado do Cerrado (CIPE-Cerrado), que há mais de um mês realizam operações em Correntina, no oeste baiano, segundo o site meussertoes. “Até o momento nenhum responsável por aterrorizar e tentar expulsar integrantes das comunidades tradicionais de fecho de pasto foi preso. Os bandidos voltaram a destruir cercas das propriedades dos pequenos criadores e cavar trincheiras para que os fecheiros não levem o gado para as áreas nativas do cerrado, onde os animais ficam soltos por três meses até que os pastos das comunidades se recuperem. Nos últimos dias, os fechos mais visados foram o da Vereda da Felicidade e o do Cupim”.
Conforme a reportagem, “o objetivo dos empresários do agronegócio é tomar as terras ainda intactas do cerrado para cumprir o Código Florestal, que exige reservas legais equivalentes a 20% dos latifúndios, onde se plantam, principalmente, soja e algodão. A lei exige que a reserva seja do mesmo bioma destruído, mas não obriga que ela faça parte das fazendas. Quem não cumpre a legislação fica impedido de obter crédito em instituições financeiras e de comercializar a produção”.
“A violência recrudesceu desde setembro, diante dos indícios de eminente derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais. A contratação de pistoleiros baianos e de outros estados da região centro-oeste visa consumar a apropriação de terras preservadas antes da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O governador Rui Costa (PT-BA) e diversas autoridades estaduais e federais foram comunicadas da ocorrência de atentados e ameaças em Correntina, mas praticamente nada fizeram. A Polícia Militar foi enviada à região. No entanto, o desempenho da Companhia do Cerrado é considerado pífio”.
Ainda de acordo a reportagem, na última quinta-feira (1º de dezembro), o fecheiro João usou as redes digitais pedir às autoridades que agissem contra as milícias rurais:
Está acontecendo uma tragédia. Estão desmatando a Cabeceira da Onça, local de maior suporte de água do nosso território. Essa área foi desmatada no passado e perdeu muita vazão. Com a nova supressão de vegetação, ela vai secar. Também tem a Cabeceira de Morrinhos, que está na mira do agronegócio. O licenciamento liberado (pelo governo estadual) é de 2.226,9 hectares. Essas nascentes vão desaparecer. Isso aqui é um grito de socorro. Já fizemos inúmeras denúncias para os órgãos competentes, e elas não surtiram efeito” – denunciou.