Economia do Brasil cresceu bem abaixo da média global entre 2019 e 2021, aponta estudo

0

 

Ao longo do período, que incluiu dois anos de pandemia, PIB nacional avançou 0,59% ao ano
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O Brasil ocupa a 32.ª posição num ranking de crescimento econômico de 50 países nos últimos três anos. Entre 2019 e 2021, o PIB (Produto Interno Brasileiro) cresceu 0,59% ao ano, ante média mundial de 1,54%, de acordo com cálculos do economista Sergio Gobetti, feitos a partir de dados do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Nesse período, que abarcou os anos da pandemia da Covid-19, a economia dos EUA cresceu 1,45% ao ano; os países da Zona do Euro, 1,25%; e a Ásia, 2,17%. A China, epicentro da pandemia, cresceu 5,4% ao ano no último triênio. As comparações contrariam argumentos da atual equipe econômica, que tem ressaltado dados favoráveis sobre a economia brasileira em ano eleitoral.

A situação é ainda pior quando se analisa a média em dez anos (2012-2021): avanço de 0,33% ao ano, quinto pior desempenho entre 50 países, à frente apenas de Grécia, Ucrânia, Argentina e Itália. “Costumávamos falar que os anos 1980 haviam sido a década perdida pelo fato de a economia brasileira ter crescido menos de 2% ao ano, mas agora descobrimos que a verdadeira década perdida é a que estamos vivendo”, diz Gobetti.

Mesmo que o PIB cresça perto dos 3% estimados pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o ritmo será inferior ao do resto do mundo, segundo projeções do FMI, que estima expansão de 3,2% para a economia mundial em 2022. Oficialmente, o Ministério da Economia projeta alta de 2,7% neste ano.

A série histórica do FMI revela que, em comparação à economia global, a melhor fase para o País nas últimas duas décadas foi na segunda metade dos anos 2000, entre 2007 e 2010, quando o PIB brasileiro cresceu 4,6% ao ano, ante 1,87% no mundo. O resultado veio a despeito da crise de 2008, devido à combinação entre uma grande expansão do mercado consumidor doméstico e o “boom” das commodities.

Há mais de uma década, por exemplo, a economia crescia a 4% ao ano e o PIB potencial, a 3%, o que estava criando um estrangulamento da capacidade produtiva. Hoje o PIB potencial cresce pouco e o PIB efetivo menos ainda, mesmo tendo margem para crescer bem mais no curto prazo. “Com esse nível de ociosidade há tanto tempo, era de se esperar que a economia brasileira estivesse crescendo bem mais do que a de outros países”, avalia Gobetti.

Expectativas desiguais

Para o ano que vem, enquanto o mercado aposta em uma alta de 0,5% para o PIB, o governo tem expectativas bem mais otimistas, de avanço de 2,5% em 2023.