A polêmica ocupação de fazendas da empresa agropecuária Igarashi, na região de Correntina, no extremo oeste da Bahia, foi alvo de críticas do deputado federal Valmir Assunção (PT-BA). Para o parlamentar, o foco real do problema na região é a privatização dos recursos naturais e a progressiva degradação de rios que abastecem a região, devido ao uso excessivo para o agronegócio. A ocupação aconteceu na última quinta-feira (2) e envolveu centenas de ribeirinhos. “O que deve ser considerado criminoso é a ação da Igarashi que está longe de ser sustentável. Deve acontecer na região, com a falta de água, a fuga para as cidades, e a expulsão de trabalhadores do campo que não conseguem continuar atuando com produção de alimentos por conta da privatização dos recursos naturais por empresas do agronegócio”.
O deputado baiano deixa claro, nesta segunda-feira (6), que o MST não participou de ação alguma em Correntina, inclusive o movimento emitiu nota para a imprensa condenando as ilações contra o MST. “Várias manchetes apontam o MST como participante da ação, porém, enquanto organização popular, não há envolvimento nessa mobilização. Segundo relatos, o projeto de irrigação da Igarashi e Curitiba estão secando os rios Carinhanha, Corrente e Grande, além de provocar queda de energia na região. Essa situação não é diferente de diversas outras localidades no estado que sofrem com as ações de empresas nos territórios que, para garantir uma maior margem de lucro, não levam em consideração o impacto que tais iniciativas causam ao meio ambiente e nas populações”, aponta nota do MST.
Assunção denuncia a ação das empresas na região, diz que querem criminalizar o povo agricultor de Correntina e vai pedir à Comissão de Meio Ambiente da Câmara e ao governo da Bahia que realizem fiscalização das atividades dessas empresas que estão levando a um desastre ecológico, colocando em risco o sistema hídrico da Bahia. “O processo de privatização dos recursos naturais afeta diretamente as comunidades camponesas localizadas nas proximidades da Igarashi. As pessoas estão sem água devido ao projeto de irrigação implantado por essa empresa, que seca o rio e provoca quedas de energia na região”. Ainda segundo Valmir, “a luta pela terra e pela soberania dos povos é parte do projeto de sociedade que defendemos. Por isso, um olhar mais amplo para o que acontece em Correntina é fundamental”.
A ocupação das fazendas foi realizada por comunidade ribeirinha do município que reivindica a interrupção da captação das águas fluviais, destinadas ao abastecimento de grandes áreas agrícolas, próximas ao distrito de Rosário, a mais de 100 quilômetros da sede da cidade de Correntina. A ocupação ocorreu de forma espontânea, após as populações ribeirinhas terem denunciado, sem sucesso, a situação degradante dos rios ao Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e a diversas autoridades políticas. A manifestação da população de Correntina reforça a pauta histórica da luta pela preservação da água em um município que sofre com a estiagem ano após ano.
Folha do Recôncavo/Notícia da Lapa